sexta-feira, 13 de abril de 2012

David Cameron criticado por usar avião da Sonangol

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, foi criticado por utilizar um avião angolano da Sonair, da Sonangol, na sua digressão pela Ásia. O chefe do governo britânico é dos poucos europeus ocidentais que não tem avião próprio. E quando precisa de viajar, os serviços de apoio contratam um voo charter a uma das transportadoras aéreas da Grã-Bretanha.

Quando esses serviços tentaram alugar um avião para a digressão desta semana à Ásia, nem a British Airways, nem a Virgin Atlantic, ou a British Midlands International tinham aviões disponíveis devido ao grande volume de passageiros na época da Páscoa. Acabou por ser fretado um avião a uma empresa chamada Atlas Air, que usa aviões da Sonair, a companhia aérea da petrolífera angolana, Sonangol.

As denúncias da comunicação social britânica não têm que ver com a qualidade do serviço, que não suscita qualquer queixa. O problema é a reputação internacional de Angola e da Sonangol.

Os jornais londrinos são unânimes em descrever a Sonangol como «uma empresa controversa», na origem de «um inquérito do FMI sobre discrepâncias contabilísticas» de dezenas de milhares de milhões de dólares.

O Daily Telegraph nota que, segundo o governo, a Sonangol fizera pagamentos em nome do Estado, que não foram contabilizados de maneira apropriada. Mas cita a organização Human Rights Watch a dizer que essa justificação é insuficiente. O The Guardian nota que a Sonair é propriedade da «Sonangol, cuja contabilidade foi em tempos questionada pelo FMI».

O The Sun titula que «Primeiro-ministro voa direito a uma tempestade» e nota que Cameron se arrisca a um «embaraço», por voar um Boeing 747 de uma empresa petrolífera «controversa».

O Daily Mail escreve que o primeiro-ministro «está sob fogo cruzado» devido ao uso do avião angolano, salientando, mais do que questões éticas, que, numa visita oficial, o chefe do governo britânico deve viajar num avião britânico.

David Cameron iniciou terça-feira uma digressão por vários países do sueste asiático, incluindo o Japão, a Indonésia e a Birmânia. Faz-se acompanhar de uma comitiva que inclui três dezenas de empresários britânicos, tendo em vista desenvolver oportunidades de negócio no mercado asiático.

De acordo com os jornais britânicos, praticamente todo o Boeing 747 é de classe executiva. E especulam que a aeronave deva ser utilizada para os voos de figuras do ramo petrolífero, entre Luanda e o estado americano do Texas.

Até ao momento, David Cameron não comentou o caso. Um porta-voz do primeiro-ministro disse que o próprio e o seu gabinete não sabiam que se tratava de um avião angolano, porque as aeronaves para as viagens do chefe do governo são escolhidas pelos serviços de apoio e não pelo seu gabinete.

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