sábado, 13 de janeiro de 2018

ANÚNCIO DA SUBSTITUIÇÃO DO CEO DA TAP ‘ACELEROU’ ONTEM



Antonoaldo Neves é "o sucessor lógico" de Fernando Pinto, foi com esta frase que Trey Urbahn, actual Chief Strategist da TAP e um dos homens de confiança de David Neeleman, lançou em fins de Agosto a substituição da liderança executiva cujo anúncio 'acelerou' ontem, com o alargamento da reunião do Management Team a quadros superiores.

"O Chief Executive Officer, Fernando Pinto, convida-o a participar em reunião do Management Team da TAP", dizia o email que ontem de manhã chegou aos computadores de vários quadros superiores da companhia, confirmando para grande parte deles que se trataria do anúncio por Fernando Pinto de que a Assembleia Geral da companhia marcada para 31 de Janeiro iria ser o 'ponto final' da liderança executiva da TAP, que se viu 'forçado' a assumir em finais de 2000 quando havia um acordo tácito e não público com o então presidente Norberto Pilar para que fosse apenas 1 de Janeiro de 2001.

O que se passou foi que Fernando Pinto e os outros ex-Varig que com ele vieram para Lisboa, Michael Conoly, Luiz Mór e Manoel Torres, se viram confrontados com uma greve dos tripulantes de cabina 'em cima' de um Congresso da APAVT, em que a Associação anunciou ter ganho uma providência cautelar relativamente a comissões que iria custar milhões.

Embora sem o desejar, Fernando Pinto e os outros gestores, que planeavam passar os últimos meses de 2000 a conhecer melhor a TAP, viram-se na contingência a terem que 'pôr as mãos na massa' desde logo, com Luiz Mór a embarcar para Fortaleza onde se foi encontrar com os dirigentes da APAVT e iniciou um processo de aproximação entre as duas entidades.

O fim desse ciclo foi naturalmente a privatização da companhia, com a ironia de que ao que tudo indica foi Fernando Pinto que 'cativou' David Neeleman para a TAP e que defendeu essa opção perante o Governo, em detrimento de German Efromovich, embora em público sempre tivesse mantido o discurso de que a privatização era matéria do accionista e não da gestão.

Os sinais de que a mudança não iria fazer-se esperar é que pouco depois de resolvida a privatização, os dois homens de confiança de Fernando Pinto que restavam na gestão executiva, Manoel Torres e Luiz Mór, foram relegados para funções sem poder executivo, o primeiro deles poucos meses antes do seu falecimento e o segundo 'oficiosamente' em meados de Dezembro.

E nessa altura também já a substituição de Fernando Pinto estava em marcha. Começou em finais de Agosto, lançada por Trey Urbahn, que foi nos primeiros tempos o principal homem de confiança de David Neeleman da TAP, ao ponto de ser a ele que todos os gestores de áreas operacionais tinham que reportar e que depois da chegada de Antonoaldo Neves à companhia e de o substituir como Chief Commercial Officer manteve-se no topo da gestão executiva, como Chief Strategy Officer (clique para ler: Trey Urbahn vai manter-se na TAP como Chief Strategy Officer).

Antonoaldo Neves é "o sucessor lógico" de Fernando Pinto, anunciou Trey Urbahn ao FlightGlobal e embora alguns sectores da empresa não quisessem acreditar, alegando que Humberto Pedrosa iria "peitar" David Neeleman e 'bater o pé' por Fernando Pinto, que alegadamente seria o preferido pelo Governo português.

Mas era mesmo disso que se tratava, de investir o ex-presidente da Azul em CEO em lugar de Fernando Pinto, e o Governo português não estava minimamente interessado em contrariar a escolha de Neeleman, como o administrador designado pelo Executivo Diogo Lacerda Machado deixou claro durante o Congresso da APAVT que decorreu em finais de Novembro em Macau.

"Admito que Antonoaldo Neves no futuro possa ser uma opção por parte dos privados [para liderar a TAP] e não quero crer que haja qualquer problema por parte do Estado", disse então Diogo Lacerda Machado, num intervalo do Congresso.

Estava assim 'aberto' um caminho que Fernando Pinto também viria a assumir publicamente a 19 de Dezembro, durante o almoço que tradicionalmente a companhia realiza pelo Natal com a imprensa, ao afirmar: "olhando para 2018 e vendo que a empresa está no bom caminho, eu estou absolutamente realizado".

Curiosamente ou coerentemente, a mesma mensagem que hoje transmitiu aos trabalhadores, em que escreveu: "o meu sentimento hoje é de absoluta realização profissional e pessoal. De missão cumprida. A empresa está no bom caminho e sinto-me plenamente realizado".

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