terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O regresso ao Negage

 

O aspecto actual da antiga Escola Nacional de Aviação Militar Comandante Bula, no município do Negage, província do Uíge, provocou nostalgia e comoção ao efectivo da Força Aérea Nacional que para lá se deslocou no sábado, para participar nas comemorações dos 36 anos do ramo.
O tenente-coronel Carlos Luanga da Costa, comandante do aeródromo de manobras do Negage, recordou com saudade os tempos áureos do estabelecimento escolar que contribuiu para o desenvolvimento da região.
"A escola era o principal cartão de visitas do município. Era um autêntico centro de formação e de emprego para os jovens que almejavam ser pilotos ou adquirir uma formação semelhante", disse.
"Lamentamos o estado actual da unidade", disse, manifestando-se esperançado nas acções que estão a ser desenvolvidas para devolver à unidade o papel que desempenhou no passado. "Temos informações, segundo as quais tão logo se reabra o aeródromo do Uíge, este deve encerrar para receber obras de ampliação da pista", referiu.
No Negage, a cerimónia dos 36 anos da Força a Aérea Nacional ficou marcada pelas presenças de antigos alunos da escola, que hoje ocupam cargos de direcção na Força Aérea Nacional. Ouviram-se lembranças dos momentos passados ao lado de muitos que hoje já não fazem parte do mundo dos vivos.
O segundo comandante da Região Aérea Norte, brigadeiro Fernando Kinanga, referiu que, desde a sua criação, há 36 anos, a Força Aérea Nacional tornou-se num verdadeiro baluarte da defesa do território e dos interesses nacionais, pelo que continua a exigir dos seus quadros empenho, dedicação e espírito de missão."O comando superior da Força Aérea vai continuar a investir no homem, pois é um factor primordial na consecução dos objectivos deste ramo das Forças Armadas Angolanas e na modernização das suas unidades e meios à altura dos desafios do momento, para que esteja pronta a responder positivamente sempre que for chamada a cumprir as suas tarefas", disse.
Oficiais com mais de 30 anos ao serviço da Força Aérea Nacional receberam diplomas de mérito. Foram também distribuídos estímulos aos trabalhadores civis mais destacados.



Historial

A base Aérea do Negage, na província do Uíge, antecessora da Escola Nacional de Aviação Comandante Bula, foi construída pelas autoridades coloniais portuguesas à luz da cooperação das forças Organização do Tratado do Atlântico Norte, em 1956. Com o objectivo de exercer o controlo aéreo da região, foram contratadas empresas norte-americanas, inglesas e sul-africanas para a construção do empreendimento militar.
A par da base do Negage, foram construídas, na mesma altura, as bases de Saurimo, na província da Lunda-Sul, e a de Kamina, na República Democrática do Congo.
A Escola Nacional de Aviação Comandante Bula surgiu da necessidade de se formarem pilotos e técnicos aeronáuticos para fazer face às sistemáticas violações do espaço aéreo nacional e apoiar as forças militares terrestres. Em Fevereiro de 1981, fruto de uma visita do Presidente José Eduardo dos Santos à Base Aérea do Negage, foram criadas as condições para a tornar num centro de formação. A base foi modernizada e transformada na Escola Nacional de Aviação Comandante Bula, tendo de imediato recebido os primeiros cadetes que frequentaram os cursos de helicópteros M8 e M17 e de Antonov, de fabrico russo.
A escola também ministrava cursos de instalação de aparelhos eléctricos e técnicos de bordo e de pára-quedistas. Os instrutores eram de nacionalidade romena.
Para acomodar os quadros militares e civis que trabalhavam na escola, foi construído um aeródromo na vila do Negage e um condomínio com mais de 20 residências.
Os edifícios, em fase avançada de degradação, continuam a ser ocupados por militares, mas sem meios para os recuperar.
Até 1991, altura em que a escola ficou desarticulada devido ao recrudescimento da guerra, a instituição ministrou nove cursos a técnicos e pilotos, muitos dos quais ainda estão no activo na aviação militar ou civil.
A pista do aeroporto do Negage possuía cerca de 2.600 metros lineares, área de instrução técnica, hangares-oficinas (onde eram feitas reparações e fabricação de pequenas peças de substituição), um museu aeronáutico, aérea de pára-quedismo e um hospital que atendia as necessidades dos militares e civis do município.
O dia da Força Aérea Nacional foi celebrado no sábado em todo o país . Várias actividades serviram para marcar a data e recordar os momentosque marcaram a tragectória de um dos mais importantes ramos das Forças Armadas Angolanas.



2 comentários:

  1. É curioso dizer-se que a Base Aérea do Negage foi construída pelas autoridades coloniais portuguesas à luz da cooperação das força (?) da Organização do Tratado do Atlântico Norte, em 1956, quando Portugal construiu o Aeródromo Base nº. 3 para fazer frente à onde de crimes cometidos pela UPA/FNLA/MPLA, sendo inaugurado em 1961. As empresas inglesas e americanas estavam mais interessadas em ajudar o terrorismo, que fomentaram, do que ajudar a construír fosse o que fosse para Portugal. A África do Sul andava entretida com o controle da proliferação do ANC e também não se meteram no assunto, que foi resolvido pelas Infras da Força Aérea Portuguesa, com Engenheiros portugueses!
    Mas chega para dizer ao sr Piloto Aviador Ademar Faria que a verdade é esta e não a cantilena que querem impingir ao povo.

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    1. Caro Amigo, Victor Elias

      Fico imensamente agradecido pelo seu contributo ao Blog. Numa próxima edição sobre a Base Aérea em questão, irei certamente incluir o seu comentário.

      A verdade na Aviação é o nosso lema.


      Saudações Aeronáuticas
      Ademar Faria

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