semana, em Luanda, que o preço do combustível de aviação praticado
actualmente em Angola é dos mais altos do mundo, razão pela qual é
preferível abastecer os aviões na Europa ou na África do Sul.
De acordo com o ministro, que falava à margem do fórum sobre as
"Perspectivas do Turismo", a situação está a dificultar as contas
internas da companhia nacional de bandeira, TAAG, e de outras empresas
privadas que operam no nosso mercado.
"Se de um lado há um esforço grande ao nível da melhoria profissional
e técnico da TAAG, por outro, há variáveis como o preço do combustível
que está a fazer regredir os números da empresa, causando avultados
prejuízos", disse, sem, contudo, avançar o valor dos danos.
Sem pestanejar, Augusto Tomás acrescentou que "hoje é preferível
abastecer os aviões na Europa ou África do Sul", paradoxalmente um
país que não produz petróleo. Para o ministro dos Transportes, o
incremento de quase 50% que a Sonangol fez no preço dos combustíveis
em relação aos demais países produtores assusta às operadoras aéreas,
atendendo a que estas «não foram tidas nem achadas».
"De facto, o preço praticado aqui é assustador", disse para depois
salientar que "embora esteja a registar elevados prejuízos, a TAAG não
está autorizada a mexer nas suas tarifas".
Augusto Tomás afirmou ainda que, na condição de ministro dos
Transportes, tem estado a recorrer às instâncias mais altas do país,
nomeadamente os ministérios dos Petróleos, da Coordenação Económica e
das Finanças, para encontrar uma solução que não ponha em causa todo o
esforço da direcção da companhia nacional e de todas as privadas que
operam no nosso país.
Por seu turno, Rui Carreira, presidente do conselho de administração
da TAAG, revelou que nenhuma das rotas domésticas por onde circulam os
aviões da transportadora nacional é rentável.
"Ao preço que praticamos os bilhetes internamente, não sei se alguma
das rotas domésticas é rentável", frisou.
Na ocasião, os participantes felicitaram a direcção da TAAG por baixar
o preço dos bilhetes internacionais, com principal destaque para a
rota Angola-Portugal, e sugeriram que o mesmo se faça internamente,
intensificando desta forma o turismo. Em resposta, o ministro frisou
que é preciso compatibilizar os aspectos económicos com os
financeiros.
"O que hoje é financeiramente viável para a companhia pode não ser
para a economia nacional", frisou para depois sublinhar que o "preço
praticado nas rotas domésticas é mais politizado do que comercial".
Recorde-se que em Setembro, altura em que entrou em vigor a nova
tabela do preço dos combustíveis (a gasolina passou de Kz 40 para Kz
60 o litro e o gasóleo de Kz 29 para Kz 40), os economistas Carlos
Rosado e Alves da Rocha foram unânimes em dizer, a O País, que o
impacto da subida destes dois derivados de petróleo dependerá do modo
como as autoridades conseguirem assegurar, sobretudo junto dos
transportadores, que o efeito sobre as tarifas não superará o seu
reflexo efectivo.
"O reflexo efectivo da medida depende da forma como os agentes
económicos irão absorver e interiorizar os ajustamentos efectuados",
defenderam De acordo com o Executivo, os aumentos verificados resultam
da redução das subvenções aos combustíveis no Orçamento Geral do
Estado (OGE) revisto – redução que se traduz numa poupança de 8% na
despesa para o corrente ano – e reflectem uma das sugestões efectuadas
pelo FMI no âmbito da negociação com as autoridades nacionais de um
empréstimo "stand by" à República de Angola no valor de USD 1,4 mil
milhões.
O Executivo gasta anualmente cerca de USD 4 mil milhões na subvenção
aos combustíveis, um valor equivalente a 6% do Produto Interno Bruto
(PIB).
in A Capital
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