quinta-feira, 20 de maio de 2010

Milionário de Angola entra na aviação brasileira

General de Angola é sócio de empresa aérea brasileira
Autor(es): MARIANA BARBOSA e MARCIO AITH DA REPORTAGEM LOCAL
Folha de S. Paulo - 04/04/2010
 

Ex-ministro de obras do país africano, Higino Carneiro se une a ex-empresário de livro infantil para viabilizar a Puma Air

Após adquirir 20% do capital do grupo do Pará, Carneiro planeja transformá-lo em companhia internacional e voar para Angola até junho 

Por anos o presidente Lula desejou ver uma companhia aérea nacional voando para o continente africano. O problema era a falta de interesse das grandes empresas brasileiras, como TAM, Gol e OceanAir.
O sonho do presidente agora ganha asas, graças ao general Higino Carneiro, um dos homens mais ricos de 
Angola. Apelidado em seu país de Bulldozer ("trator"), Carneiro era, até o início do ano, ministro de Obras Públicas.
Após adquirir uma fatia de uma empresa regional paraense, a Puma Air, Carneiro prepara-se para transformá-la em uma companhia aérea internacional -a empresa pretende até junho voar para 
Angola.
A façanha veio 
da união entre uma das várias empresas de Carneiro, a Angola Air Services, e o empresário brasileiro Gleison Gambogi de Souza -até 2005, dono de um negócio de franquia de livros infantis.
Formalmente, Gambogi detém 80% 
da empresa. A participação da AAS, de Carneiro, ficou limitada a 20%, o teto legal para a participação de estrangeiros no setor.
Gambogi conta que conheceu Carneiro em 
Angola, onde viveu os últimos cinco anos. O empresário foi para o país africano pela primeira vez em 2004 "prestar consultoria" para a empreiteira Metro Europa. Virou sócio e vice-presidente da empreiteira. Foi quando estreitou laços com Carneiro.
"Chegamos a ter uma carteira de US$ 1 bilhão em obras em 
Angola", disse Gambogi. "Fiz minha vida empresarial em Angola e, para o Brasil, estou nascendo agora. Mas vocês vão ouvir falar muito de mim."
Para ganhar tempo, a Puma decidiu por não montar uma estrutura operacional, mas alugar 
da Gol/VRG um Boeing- 767, com tripulação e tudo, numa modalidade de aluguel conhecida como "wetlease".
Confiantes de que terão to
das as autorizações concedidas pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), os sócios da Puma já providenciaram a pintura do avião, que se encontra no hangar de manutenção da Gol em Belo Horizonte.
Como as regras brasileiras não permitem que uma empresa se aventure no espaço aéreo internacional sem que tenha experiência no mercado doméstico, a Puma foi obriga
da a montar primeiro uma operação doméstica e passar pelo processo de certificação para realizar voos regulares com aviões de grande porte.
Como já tinha base no Pará, a Puma escolheu a rota Guarulhos-Macapá-Belém. O voo também será feito com um avião 
da Gol, um Boeing-737.
Por conta do risco envolvido no negócio, os contratos firmados entre a Gol e a Puma, segundo a Folha apurou, preveem pagamento antecipado.
A Puma nasceu com capital social de R$ 5 milhões. Gambogi diz ter investido R$ 25 milhões, sendo 20% de 
Angola e o restante "do próprio bolso."
Dentro dos pleitos feitos pela Puma ao governo brasileiro está a dispensa de apresentar um atestado de segurança operacional chamado Iosa, concedido pela Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo).
"Como a operação será feita pela Gol/VRG, entendemos que podemos voar com o Iosa 
da VRG. A Iata já deu o aval dela; cabe à Anac dizer sim ou não", disse Gambogi.
A Anac confirma que recebeu a solicitação 
da Puma para voar com o Iosa da VRG, mas informa que só vai começar a analisar o caso depois que a Puma obtiver a autorização e iniciar a operação no mercado doméstico. O Iosa é o mais abrangente compêndio de segurança aérea do mundo.

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