segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A Associação Africana de Aviação acusa Europa de "quebrar concorrência" com listas negras



O secretário-geral da Associação das Linhas Aéreas Africanas (AFRAA), Christian Folly-Kossi, acusou hoje a Europa de criar regras que "parecem ter como objectivo quebrar a concorrência" das companhias aéreas africanas.

"Parece que o objectivo é quebrar a concorrência das companhias africanas e dar vantagem competitiva às contrapartes europeias", afirmou o queniano Folly-Kossi na abertura da 41.ª Assembleia-geral da AFRAA, que decorre até terça-feira em Maputo.

A AFRAA foi criada em 1968, em Accra, Gana, e junta 40 companhias aéreas, desde a LAM (Linhas Aéreas de Moçambique) às companhias aéreas de países como Nigéria, Botsuana, Malawi, Namíbia, Africa do Sul, Senegal, Tanzânia, Quénia ou Egipto.

Na abertura do encontro, Christian Folly-Kossi pediu um esforço conjunto dos países africanos para que sejam as companhias aéreas do continente a explorar o mercado em África e lembrou que a União Europeia tem colocado na lista negra diversas transportadoras africanas.

"É importante que a lista negra não seja utilizada como um instrumento de concorrência para que não possamos voar para o espaço europeu", afirmou, acrescentando que é necessária na área da aviação civil uma estratégia comum, no âmbito da União Africana e das comunidades económicas regionais.

O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, abriu oficialmente a reunião, que junta mais de 300 pessoas, e lembrou as dificuldades que o sector atravessa, conjugadas em acções contra a segurança, crise mundial, decréscimo de passageiros, supressão de rotas e perda de empregos.

Sugeriu por isso que as empresas de aviação civil procurem sinergias para evitar que a crise ganhe maior amplitude.

José Viegas, presidente da LAM e da AFRAA, considera no entanto que a estratégia não pode passar por fusões de companhias, como acontece na Europa (a British Airways com a Iberia, ou a Air France com a KLM, por exemplo), porque "em África há grandes diferenças entre as companhias".

"África tem companhias aéreas com diferentes modelos de negócios e de escalas. As fusões acontecem na Europa e nos Estados Unidos, com companhias quase iguais. Aqui é difícil porque há grandes diferenças entre as companhias", defendeu.

Em África há "cinco ou seis grandes companhias que disputam o mercado da Europa", disse, acrescentando que é preciso encontrar formas de bloquear o contínuo crescimento das grandes companhias europeias, sendo necessário cuidado porque "essas medidas podem ser interpretadas como proteccionistas".

Para José Viegas, África tem de procurar que no continente não hajam "os leões e as gazelas" em termos de companhias aéreas. "O que procuramos fazer é em cooperação encontrar formas de que não sejamos engolidos por nos próprios", frisou.

O encontro em Maputo destina-se a "definir linhas mestras de revitalização da AFRAA e discutir soluções para os momentos difíceis do sector", segundo José Viegas.

Além das companhias aéreas, participam no encontro representantes de fornecedores de material aeronáutico e da área da formação, "um dos problemas de África, em conjunto com a constante fuga de quadros", disse o presidente da LAM.

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