quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

À TAAG FALTAM ASAS PARA VOAR ALTO

Depois de um longo interregno, cansado de tantas quedas, cancelamentos e decepções, o co-autor desta crónica aventurou-se, nos últimos meses, em viajar pela nossa companhia de bandeira, a TAAG. Não para o exterior, porque não queria arriscar-se a chegar ao aeroporto confiante, esperando poder viajar e depois de uma longa bicha, receber um "o seu nome não está na lista". Coisas que só acontecem em Angola… 

 

Foi para o interior do país. Para a cidade do Huambo e do Lubango. Foram viagens de curta estadia, por isso não valia a pena o uso de um meio próprio de locomoção. Pois, dizia um colega, que ficava mais barato assim do que ir de carro próprio. Puro engano! O barato saiu-lhe caro! Diria a sua mãe, de feliz memória, "é bem feito"!

 

Foi informado que deveria fazer o check-in às 21 horas, na véspera do dia da viagem. Este foi o primeiro incómodo. Depois do dia de trabalho, tinha de ir ao aeroporto com a bagagem para fazer o check-in. Pensou consigo mesmo: e aqueles que vivem longe do aeroporto – Cacuaco, Viana, Ramiros, etc. – como fazem?

 

Segundo incómodo: ninguém tem a certeza de ter o nome na lista. Não entende porquê vender bilhetes sem o famoso sinal "ok". Quem compra, supõe-se que pretenda de facto viajar. Não se sabe porquê este ridículo procedimento não é extirpado de uma vez por todas. De tal modo que muitos regressam às suas casas sem conseguir efectuar o tal check-in, pelo facto de o nome não constar da lista. Sobretudo, se comprado nalguma agência de viagens "fantasma" – dessas que nascem como cogumelos na capital. Essas, segundo lhe foi explicado, não estão em rede com a TAAG, por isso não há garantias de ok. Mais uma arrelia…

 

Outro incómodo é o gosto pelas bichas – resquícios de um passado que a maioria pretende esquecer – leva os funcionários a esperarem que as bichas estejam grandes, recheadas de gente agitada, à mistura com bagagens, para começar a atender. E vejam lá, somente num balcão! Interrogou-se porquê, com tantos às moscas? Ninguém respondeu. Para os trabalhadores da TAAG, é o seu turno de trabalho, que vai até ao dia seguinte. Talvez se entenda, por isso mesmo, a não pressa em "despachar" o trabalho. Todos devem estar numa só bicha, por caprichos de não se sabe quem…

 

Se conseguiu o check-in, não é o fim. No dia seguinte às peripécias da véspera, as coisas não estão nem garantidas, nem melhoradas. Até chegar ao avião, o cidadão deve atravessar mais de oito postos de controle, entre polícias, seguranças, máquinas de controle a raios X e agentes da TAAG, etc. Para si é um procedimento deselegante, cansativo e desnecessário. Nem sequer é garantia de segurança. Quantos foram assaltados mesmo dentro da sala de embarque, depois de tanto controle? E quantos passam esses "contróis" escorregando para as mãos dos agentes alguns valores? Da fila para a sala de embarque, comentários jocosos soltos da boca de estrangeiros, chegaram aos seus ouvidos. Vergonha!

 

Entretanto, nisso tudo o que mais lhe tocou, foi o facto de não se respeitarem os passageiros – mães com crianças, velhos sozinhos, estrangeiros desorientados, etc. Igualmente o facto de não se respeitarem os horários colocados nos bilhetes de passagem. Sair de casa antes das 4 horas para somente viajar depois das 13 horas, sem pequeno-almoço, sem almoço, etc. Não é nem saudável, nem fácil. Todos esperam longas horas sem receber nenhuma explicação e nenhuma desculpa.

 

Vendo outros a chegarem e a partir. E, o cúmulo de tudo, é que o passageiro não sabe se vai viajar ou não. Tem de continuar a esperar.

 

Melhorou-se talvez a imagem no exterior. Mas entre nós, só uma coisa se pode dizer: a TAAG continua a apostar em voos rasantes.


P. Maurício A. Camuto, CSSp in O Apostolado

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